Pense bem, para a pessoa adulta as consequências não chegam
pedindo licença, portanto as ações de alguém adulto são sempre acrescidas de
responsabilidades, e não há jeito de desviar seus resultados.
As relações amorosas não são uma troca de igual para igual;
se um faz algo, o outro não tem, necessariamente, a mesma liberdade. Direitos
iguais funcionam para dar ajuste nas condutas e deveres de uma sociedade, não
para casais. Calma, já vem a explicação.
Não é sobre ser autoritário, mas sim de combinado, mesmo
porque as imposições frustram e destroem os sentimentos; contudo é preciso
autoridade (combinada, é claro). Numa relação íntima (no sentido amplo da
expressão) há de se observar os papéis, justamente para um não sobrepor o outro
na sua necessidade e capacidade como agente de afetos.
É preciso diálogo e consenso, requisitos primordiais para uma
boa interação entre pessoas. Enquanto alguém fala o outro escuta; é assim que
se conversa. Uma prosa inteligente usa a lógica, respeitando o espaço e o
entendimento alheio. E mesmo que se converse de igual para igual, são as divergências
que criam elos mais íntimos.
Pelas diferenças vão se corrigindo as imperfeições passíveis
de mudança, e são estas capazes de fazer valer a pena cada momento junto. A
igualdade também é importante, principalmente por reger a liberdade individual,
porém, o sentimento que se tem por alguém não é um direito igualitário que o
outro possa corresponder na mesma proporção.
É evidente que a ideia aqui expressa não tem a intenção de desqualificar
gêneros, nem de discutir os conceitos de machismo ou femismo, não se trata
disto. O que é apregoado se refere à conduta entre pessoas que se gostam, e que,
por isso, compreendem e respeitam as diferenças de cada um, sem a necessidade de
que os sentimentos sejam idênticos.
Quando envolve sentimentos, é sempre bom ter cuidado, pois
os pensamentos podem se mostrar receptivos às emoções de momento, aquelas às
quais se pode chamar de impulso. O agir quando se está gostando se mistura ao
medo de perder esta sensação, e geralmente extrapola nas atitudes, e gera
situações próprias dos apegados. Por isso é importante ter a consciência de
limite e posicionamento perante a relação que se constrói.
Cabe a cada um dispor de suas vontades e agir com
equilíbrio, para não minar o relacionamento. Gostar, amar, respeitar, é ação
consciente de quem se posiciona como ser humano. E como um ser racional sabe, o
gostar, o amar e o respeito podem cessar.
Lembre-se, o combinado não sai caro. Quando se paga um preço
justo, sabendo o que está recebendo e entregando, a relação ganha um sentido
maior, permitindo a cumplicidade e a troca que faz bem.
Alexandre Fon
@oialexandrefon
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