Top Postagens
recent

Somos tão frágeis.


Somos tão frágeis enquanto humanos. Sentimos o bem e o mal e temos prazo para viver. Presenciamos partidas e chegadas, de pessoas e suas ideias, e nunca estamos prontos para fazer ou desfazer as malas de nossas convicções e afetos. E vez ou outra o coração dispara por um comando da lembrança, trazendo recordações e saudades. Geralmente é um sentimento apaziguador, mas mesmo assim doído pois nos remete ao que não controlamos, o tempo que nos resta. E o que nos falta?

Percebo que, se não nos pusermos em nosso lugar de gente, nos perderemos por tendermos a pensar como se fossemos eternos. Nossa alma, creio que é contínua, apesar de não poder provar esta minha intuição. Se não for assim não vejo sentido numa experiência tão curta quanto esta; de viver por aqui. Mas é imprescindível tomar consciência tanto da finitude quanto da vontade de ser contínuo.

E hoje pensei na importância de concentrar nossa energia no que é importante de fato, ao invés do apego em algo ou alguém. Se não somos proprietários nem do nosso corpo o que dirá das virtudes e vontades de outras pessoas. Porém, mesmo assim, o corpo e a mente sentem o esforço da priorização que nos é vital. Não é simples desapegar, mesmo que seja mera fixação momentânea. Como vivemos no hoje sentimos até o futuro que pensamos.

Tem dias que estamos reflexivos mas a reflexão nunca é o bastante para retirar certos empecilhos, como pensamentos intrusivos sobre quereres não realizáveis. Daí, se torna forçosa toda forma de transformação mental, e mudanças causam desconfortos. Entretanto, precisamos ser constantes e intensos para que sejamos coerentes com a oportunidade que viver nos oferece.

Entre tantas lembranças, as que nos ligam ao amor são as mais enraizadas e, portanto, as mais difíceis de lidar, porque nem toda experiência íntimo-afetiva tem continuidade, e separar o apreço construído da impossibilidade de elos pode ser muito doloroso. Dizem que o tempo corrige, ou pelo menos ameniza, mas até quando? Para quem acredita certos afetos ultrapassam vidas.

Aquilo que é genuíno acredito que permanece. Em mim estão intactos os sentimentos que rememorei, como se os sentisse hoje, e é isto que me preocupa. Que bom que temos o discernimento sobre o que é possível, assim evitamos transbordar muitas sensações descompassadas e imprecisas, mas é impossível não derramar suores e lágrimas no processo. Em suma, tudo não passa de uma saudade daquilo que presenciamos um dia e que, se pudéssemos, faríamos de certos momentos repetições constantes. O amor e a amizade não enjoam.


Alexandre Fon

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.