Somos tão frágeis.
Somos tão frágeis enquanto humanos. Sentimos o bem e o mal e temos prazo para viver. Presenciamos partidas e chegadas, de pessoas e suas ideias, e nunca estamos prontos para fazer ou desfazer as malas de nossas convicções e afetos. E vez ou outra o coração dispara por um comando da lembrança, trazendo recordações e saudades. Geralmente é um sentimento apaziguador, mas mesmo assim doído pois nos remete ao que não controlamos, o tempo que nos resta. E o que nos falta?
Percebo que, se não nos pusermos em nosso lugar de gente, nos perderemos por tendermos a pensar como se fossemos eternos. Nossa alma, creio que é contínua, apesar de não poder provar esta minha intuição. Se não for assim não vejo sentido numa experiência tão curta quanto esta; de viver por aqui. Mas é imprescindível tomar consciência tanto da finitude quanto da vontade de ser contínuo.
Entre tantas lembranças, as que nos ligam ao amor são as mais enraizadas e, portanto, as mais difíceis de lidar, porque nem toda experiência íntimo-afetiva tem continuidade, e separar o apreço construído da impossibilidade de elos pode ser muito doloroso. Dizem que o tempo corrige, ou pelo menos ameniza, mas até quando? Para quem acredita certos afetos ultrapassam vidas.
Aquilo que é genuíno acredito que permanece. Em mim estão intactos os
sentimentos que rememorei, como se os sentisse hoje, e é isto que me preocupa.
Que bom que temos o discernimento sobre o que é possível, assim evitamos
transbordar muitas sensações descompassadas e imprecisas, mas é impossível não
derramar suores e lágrimas no processo. Em suma, tudo não passa de uma saudade
daquilo que presenciamos um dia e que, se pudéssemos, faríamos de certos
momentos repetições constantes. O amor e a amizade não enjoam.
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